quinta-feira, 28 de julho de 2011

→ Impressões de um viajante ←

Alvaro Acioli
Inventa-se a liberdade no dia-a-dia.
Revolucionar é ampliar horizontes.
Acreditar e desconfiar é o maior dilema social.
Sacralizar e satanizar são ações parecidas.
A criatividade floresce entre a razão e a fantasia.
A recordação mórbida perpetua o sofrimento.
A ficção inspira os verdadeiros relatos.
Contra velhos dogmas só novos paradigmas.
As idéias de renovação brotam nas fendas do saber.
A comunicação é sempre insuficiente.
Descobrir é revelar.
A simplicidade revoluciona.
Sem paciência é impossível compreender e libertar.
São as falsas certezas que infernizam o viver.
Filosofar é transpor limites.
Falamos para combater ou recrutar aliados.
Bem espera quem não se desespera.
Um verdadeiro mestre não aprisiona discípulos.
Julgar nossas culpas é tarefa dos outros.
Toda ruptura provoca um retrocesso.
Transformar é enriquecer e não substituir.
A realidade não é o que se pensa dela.
Pensa com liberdade quem não censura o pensar.
As receitas simples são mais confiáveis e mais fáceis de digerir.
A multiplicidade de alternativas dificulta o viver.
Semear o bem é o fundamento de todos os males praticados.
Saber é repensar o pensar.
O desconhecido que nos ameaça é um ‘velho conhecido’.
O amor pela vida inspira todos os outros amores.

A perda da esperança é o começo do fim.



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Finitude da vida

Alvaro Acioli
Apavoram as conseqüências e o grande preço social do extraordinário progresso material já realizado, em todos os campos do conhecimento. Multiplicam-se os radicalismos e toda sorte de fanatismos. A violência e a intolerância, de tão freqüentes, sugerem que um transporte mágico nos conduziu de volta à idade média.Qualquer observador mais atento percebe no ar certo prazer em espalhar a dor. Até parece que todos os avanços estão dominados pela intenção de institucionalizar a insensatez e as exclusões mais condenáveis. As fantásticas descobertas não estão semeando bem estar, alegria nem esperança, nos campos do mundo. Muito ao contrário, multiplicam-se os cultivos de tristeza, pessimismo, terror fóbico e da expectativa continuada de perigo iminente.Repugna constatar o desprezo com que os arautos da mitologia econômica globalizada tratam o destino da humanidade. Quanto mais os iniciados desses mitos satânicos falam em estabilidade mais sacrifícios impõem aos que já perderam quase tudo, se é que ainda possuem alguma coisa, além de um resquício de dignidade. As pessoas estão se relacionando como se a única maneira de suportar a própria infelicidade fosse impedir a felicidade dos outros. E essa prática não se acompanha de consternação nem remorso ; ao contrário, o mais freqüente, é até um estado de certa euforia. O telão planetário transmite, diariamente, no horário nobre, cenas bárbaras ou tratamentos degradantes contra seres humanos. E as cenas, de tão repetidas, acabam por se tornarem comuns, não despertando surpresa nem mesmo uma revolta discreta.Numa época de descobrimentos memoráveis o homem encontra uma clara dificuldade de entender e assumir o seu viver e ajudar os outros a também viverem. E não consegue encontrar a melhor forma de afirmar os seus sentimentos mais nobres, e a sua própria humanidade. É continuada a ação predatória sobre o ambiente ecológico. Acumulam-se resíduos tóxicos na já irrespirável atmosfera que envolve a morada dos homens. Prospera uma sociedade não somente do luxo, mas, principalmente, do lixo.O homem não consegue assumir a consciência plena de que existe de uma forma inapelavelmente solitária. E que essa contingência e a noção de limitação, que dela decorre, obrigam que ele busque irmanar-se com seus semelhantes, aprendendo a tolerar as diferenças circunstanciais.Imagino o estágio adulto como aquele no qual o desejo de seguir supera o de retroceder, quando as expressões de maturidade predominam sobre as formas regredidas e a preocupação com o nós é maior que a necessidade obstinada de afirmação do eu. É difícil antecipar o que o homem fará de si e dos seus semelhantes. São imprudentes ou ingênuas as previsões aparentemente mais lógicas. Pode-se, contudo, especular. Muitos acontecimentos irão depender de como o homem vai equacionar certos aspectos de sua vida pessoal e social, que reorientação imprimirá às estruturas e sistemas que criou. E se continuará tentado a adquirir e acumular, acima da sua capacidade de consumir.E, além de tudo, se vai chegar a perceber a finitude da vida, que seu futuro é decidido no instante, no contraditório aqui e agora.

O circo da vida

Alvaro Acioli
O circo mostra o mundo de forma caricata, de cabeça para baixo.
O raro, o extravagante, o inquietante encontrou sempre nele
o palco preferido. Os monstros, a mulher-aranha, o homem-sapo,
o engolidor de espadas, são alguns prodígios de sua fauna mágica e exuberante.
Todas as cortes e reinos, tiveram e continuam tendo, circos particulares,
para encenar suas comédias e tragédias. O chapéu do palhaço substituiu,
infinitas vezes, o capuz dos hereges. Nos períodos em
que era suspeito rir ou chorar tornava-se manifestação de
bom gosto libertar a gargalhada mascarada em festas
piedosas, geralmente realizadas nos picadeiros.
Para os mais velhos e os mais jovens o circo evoca a fantasia, lembran
ças do período de infância, mistura de riso e deslumbramento. As lutas no circo, como no desenho animado, são de brincadeira ; só existem vítimas acidentais.
Junto com a emoção e o suspense, que o público procura avidamente, o riso é fartamente ofertado. Os palhaços satirizam a realidade de suas comunidades representando mais a condição do bobo do que a da vítima do destino ou das maldades políticas que maltratam a socie
dade.
Agredido, pisoteado, humilhado, o palhaço dramatiza os erros e tolices da humanidade ; torna-se um joguete nas mãos de um outro joguete, que se libera da sua dor zombando dele.
As crianças constituem um público honesto e
sincero que todos do circo respeitam, particularmente os palhaços. Eles sabem que somente rindo as crianças podem suavizar a longa caminhada, raramente alegre para a grande maioria delas.Os palhaços tentam ajudá-las porque os maiores responsáveis não se preocupam com a realização afetiva nem com o desenvolvimento físico e mental das crianças.
A comicidade do circo procura despertar o riso sem rebaixar a dignidade humana.Explora em todas as situações o riso máximo, seguindo o sábio conselho do importal Chaplin.
Tenta provocar novas emoções acentuando o ridículo da vida , através de sua representação grotesca. O palhaço é apenas um homem que quer ajudar a manter a paz no grande picadeiro onde nós todos atuamos.
O circo é também o lugar onde os mais pobres encontram um pouco de alegria, embora fugaz. É o consolo para os que improvisam todos os dias, para os que dão saltos no vazio e fazem malabarismos fantásticos, equilibrando-se na corda bamba e insegura dos seus míseros salários.
Mas o aprendizado para o circo da vida exige determinação, paciência e muita coragem para continuar representando. E, principalmente, para realizar o sonho impossível de alcançar a glória no instante fugaz.

http://aaciolitravessia.blogspot.com/2008/04/o-circo-da-vida.html

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

As leis da quinta disciplina

1. OS PROBLEMAS DE HOJE VÊM DAS ‘SOLUÇÕES” DE ONTEM.
... Sempre ficamos intrigados com as causas de nossos problemas quando, na verdade, deveríamos recordar as soluções que demos para outros problemas do passado... Soluções que transferem os problemas de uma parte do Sistema para outra freqüentemente não são detectadas.
2. QUANTO MAIS VOCÊ EMPURRA, MAIS O SISTEMA EMPURRA DE VOLTA.
... Insistir, seja através de uma intervenção cada vez mais agressiva, seja através da repressão cada vez mais estressante dos instintos naturais, é uma estratégia inconsequente. ... Considere uma pessoa que para de fumar, engorda, começa a ter problemas com sua auto-imagem e volta a fumar para aliviar o estresse.
3.
O COMPORTAMENTO MELHORA ANTES DE PIORAR.
... Em sistemas humanos complexos, sempre há várias alternativas para melhorar as coisas a curto prazo. Porém, o feedback de compensação pode voltar depois para assombra-lo. ... Uma solução sempre parece maravilhosa quando cura primeiro os sintomas. As coisas podem melhorar ou talvez até o problema seja resolvido. Talvez, somente daqui a dois, três ou quatro anos ele volte ou surjam novos, ainda piores.
4.
A SAÍDA MAIS FÁCIL NORMALMENTE NOS LEVA DE VOLTA PARA DENTRO.
Todos gostamos de utilizar soluções conhecidas para resolver dificuldades, optando por aquilo que conhecemos melhor. ... Afinal, se a solução fosse fácil de enxergar ou óbvia a todas as pessoas, já teria sido encontrada.
5.
A CURA PODE SER PIOR DO QUE A DOENÇA.
Quase sempre, a solução fácil ou familiar não é apenas ineficaz, mas perigosa, podendo criar dependência. ... O alcoolismo, por exemplo, pode começar com o simples hábito de beber socialmente – uma solução para um problema de auto-estima baixa ou para o estresse provocado pelo excesso de trabalho. ... Qualquer solução a longo prazo deve fortalecer a habilidade do sistema de arcar com as próprias responsabilidades.
6.
MAIS RÁPIDO SIGNIFICA MAIS DEVAGAR.
... Todos os sistemas naturais, dos ecossistemas aos animais e às organizações, possuem seu próprio ritmo ideal de crescimento. O ritmo ideal é muito mais lento do que o crescimento mais rápido possível. Quando o crescimento se torna excessivo – como ocorre com o câncer – o próprio sistema buscará compensa-lo, diminuindo o ritmo e, provavelmente, colocando em risco a sobrevivência da organização.
7.
CAUSA E EFEITO NÃO ESTÃO TÃO PRÓXIMOS NO TEMPO E NO ESPAÇO
... Chamo de “efeitos” os sintomas óbvios que indicam a existência de problemas – uso abusivo de drogas, desemprego, crianças famintas, declínio nos pedidos, ... Como “causa, refiro-me à interação do sistema subjacente, que é a maior responsável pela geração dos sintomas e que, quando identificada, pode gerar mudanças, resultando em melhorias duradouras. Por que isso é um problema ? ... Existe uma diferença fundamental entre a natureza da realidade nos sistemas complexos e a forma predominante de como pensamos a respeito dessa realidade.
8.
PEQUENAS MUDANÇAS PODEM PRODUZIR GRANDES RESULTADOS.
...As soluções obvias não funcionam – na melhor das hipóteses, melhoram os problemas a curto prazo, somente para piora-los a longo prazo. No entanto, há o outro lado da história. O pensamento sistêmico também mostra que pequenas atitudes bem focalizadas podem produzir melhorias significativas e duradouras, desde que atuem no lugar certo. ... A solução de um problema difícil é uma questão de descobrir onde está a maior alavancagem, uma mudança que – com o mínimo de esforço – resultaria em melhoria duradoura e significativa.
9.
VOCÊ PODE ASSOBIAR E CHUPAR CANA – MAS NÃO AO MESMO TEMPO.
Às vezes, os dilemas mais complexos, quando analisados do ponto de vista sistêmico, não são absolutamente dilemas. São resultado do raciocínio “instantâneo”, e não do pensamento baseado em “processo” e podem ser vistos de forma diferente quando você analisa conscientemente as mudanças ao longo do temo.
10.
DIVIDIR UM ELEFANTE AO MEIO NÃO PRODUZ DOIS PEQUENOS ELEFANTES.
Os sistemas vivos têm integridade. Seu car’ter depende do todo. O mesmo ocorre com as orgnizações; para compreender as questões gerenciais mais complexas é preciso ver o sistema inteiro responsável pelo problema.
11.
NÃO EXISTEM CULPADOS.
Nossa tendência é culpar as circunstâncias externas pelos nossos problemas. O pensamento sistêmico mostra-nos que não existe lá fora”, que você e a causa de seus problemas fazem parte de um único sistema. A cura está no seu relacionamento com o seu “inimigo”.

Textos extraídos e adaptados por Álvaro Acioli, do livro
“A Quinta Disciplina”, de Peter M Senge, Ed. Best Seller

domingo, 23 de janeiro de 2011

Roupagem simbólica

Alvaro Acioli

Na globalização ocorre uma interação funcional entre as atividades econômicas e culturais dispersas e os bens e serviços gerados por um sistema internacional, com muitos centros dinâmicos.
E esse sistema opera permanentemente com a relação entre força de trabalho e lucratividade de produtos e serviços.
É no exercício do consumo que se completa todo esse processo que se inicia com a produção; além de refletir a força de trabalho envolvida ele também viabiliza a expansão do capital empatado.
Nesse contexto global o exercício da cidadania mantém uma relação direta com as práticas do consumo: com aquilo que se adquire ou o que se pode chegar a possuir, com todos os nossos desejos e expectativas.
Ser cidadão nesse momento não é somente compartilhar determinados direitos e costumes, com os nascidos na mesma nação ou sociedade.
Tornou-se comum a referência aos consumidores como pertencendo a classe A, a classe B, a classe C, etc.
O consumo envolve agora um conjunto de processos socioculturais, relacionados com apropriação e o uso de bens e serviços.
Canclini mostrou que o consumo na sociedade global é bem mais do que o simples exercício de gostos, caprichos e aquisições irrefletidas, subordinados a julgamentos eventuais ou atitudes personalistas.
Coube-lhe também esclarecer que não são só as necessidades ou os prazeres individuais que decidem o que, como e quem consome.
A oferta de produtos e a indução publicitária para compra obedece uma cuidadosa e criteriosa estratégia que define - com extraordinária margem de acerto - quem consumirá mais ou menos.
A lógica das relações na sociedade contemporânea se constrói principalmente no consumo simbólico, que afirma e distingue os consumidores.
E a lógica que rege a apropriação dos bens simbólicos não é a da satisfação de necessidades mas a da sua escassez ou a de impedir que outros venham a possuí-los.
A arena do consumo é o lugar onde o confronto entre classes, originado pela participação desigual na estrutura produtiva, ganha continuidade através da distribuição e da apropriação de bens.
Consumir é agora participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelos modos de usá-lo. E é nesse sentido que a mídia publicitária direciona as racionalizações com que seduz os consumidores.
Os bens adquiridos informam além de preferências individuais o que cada consumidor reconhece como tendo valor de mercado e o estágio de integração ou distinção social em que ele se situa.
O automóvel, por exemplo, muito mais que um veículo, é uma peça importante da roupagem simbólica que veste o consumidor contemporâneo.


http://aaciolitravessia.blogspot.com/2008/02/roupagem-simblica.html


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