terça-feira, 14 de abril de 2009

Teoria das catástrofes

Alvaro Acioli

Estou seriamente desconfiado que René Thom desenvolveu a teoria das catástrofes depois de uma meditação profunda sobre a realidade brasileira. Algumas de suas colocações mais importantes mostram uma relação tão direta com a nossa situação política que é quase impossível tratar-se de uma simples coincidência.Um exemplo típico é a sua afirmação que o real ( a realidade ) é uma mistura da ordem com a desordem e da instabilidade com a estabilidade. E que as mudanças no mundo externo são apenas aparentes.
Falando mais claramente, que as diferenças se devem exclusivamente a alterações que dependem do ponto de vista adotado pelo observador.A teoria das catástrofes, por razões óbvias, não oferece contribuições para o controle das situações críticas, nem para a estabilidade, seja qual for o domínio.
Na verdade, a teoria defende a idéia de que, no modelo tradicional, a catástrofe é sempre antecedida e sucedida pela imprevisibilidade.A teoria também propõe que um fenômeno descontínuo pode surgir espontâneamente, num meio ou num ambiente da mais absoluta regularidade.
Defende, igualmente, a existência de uma estreita ligação entre o rigor científico e a insondável magia.Um dos conceitos mais importantes da teoria é o de pregnância, que se refere a manifestações comportamentais causadoras de respostas súbitas e relacionadas.
Um bom exemplo disso é a reação que os animais apresentam, quando se confrontam com seus predadores.No modelo brasileiro, isso equivale à atitude dos eleitores diante dos políticos ou dos próprios governantes. Trata-se de uma reação imediata, frequentemente dominante, de profunda desconfiança e acentuada revolta.
Um outro exemplo de pregnância política, muito observado em nosso meio, é o comportamento dos tecnocratas oficiais. Suas reações em defesa do país, ante a agressão do capital internacional, dissociam o econômico do político.Falando com outras palavras, não levam em qualquer conta as repercussões sociais que provocam os remédios repugnantes que eles receitam.
Esse fato foi magistralmente colocado por G. Ferné: “Outrora cabia às políticas de ciência e tecnologia administrar as ambições e as esperanças - e também as imperfeições, as impotências, até os acidentes - do progresso técnico.
A irrupção da lógica do mercado no mundo da ciência e da tecnologia veio mudar tudo.(...) A abordagem dos problemas compete às necessidades da economia mercantil. Queimou-se um fusível : aquele que proporcionava, entre os cientistas e os mercadores, um espaço onde as questões em jogo podiam ser percebidas com um pouco mais de grandeza”.
É triste concluir que as noções de rigor e de seriedade, em nosso estado de dúvida catastrófica permanente, provocam manifestações rigorosamente imprevisíveis, que escapam a todos os padrões éticos, lógicos e humanos de avaliação.




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