domingo, 2 de agosto de 2009

Silêncio cúmplice

Alvaro Acioli

Palavras indefinidas e valores contraditórios dominam hoje o inconsciente coletivo alimentando o caos existencial no planeta. E como a vida social dos homens é impossível sem vocábulos e pensamentos, essa dificuldade tende a se multiplicar indefinidamente.A violência é certamente a palavra mais escrita e o conceito mais divulgado hoje em dia. Uma popularidade pouco menor pode ser creditada aos termos e conceitos sobre virtude, justiça, segurança, liberdade e verdade.Pode-se dizer que esses termos referem-se a idéias e significações bem relacionadas. Mas existe uma indiscutível controvérsia entre a conceituação teórica desses vocábulos e o uso prático a eles atribuído.As confusões que ocorrem, por exemplo, entre as palavras virtude e justiça não são menores do que a existente entre segurança e liberdade. Para se chegar a essa conclusão, basta ouvir um tele noticiário, ler um jornal do dia ou dar um pequeno passeio pelo bairro, em qualquer cidade de nosso país ou do mundo.As interpretações mais diversas e até antagônicos cercam, por outro lado, a palavra realidade. Em seu uso corrente falta, principalmente, o respeito ao princípio de veracidade: não falar o inverso do que se pensa e não fazer o oposto do que se diz. Justiça e liberdade, por sua vez, são termos muito invocadas para defender a grande violência (nem sempre visível) que domina a sociedade. Qualquer grupo ou coletividade que julga ter descoberto uma "nova luz" tenta logo converter todos os outros, impondo seitas, criando partidos ou propagando ideologias.A posse da verdade absoluta é justamente o que promove a ligação entre o fanatismo e a violência. Quem não tem dúvida também não tem motivação para o diálogo renovador, a única chave capaz de abrir possibilidades alternativas de compreensão, única maneira de evitar o exercício da bestialidade. Aqui não vale a máxima de que "os semelhantes curam os semelhantes". O uso da violência contra a violência só leva ao despropósito. O exemplo do momento é o confronto macabro, a verdadeira guerra civil que está ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo a polícia oficial, milicianos e traficantes. Um moralismo cínico universalizado mostra apenas a face visível e menos importante da violência real. E um silêncio cúmplice e condenável cala a voz de todos os que têm a obrigação de denunciar a violência maior, que é o exercício arbitrário do poder, a serviço dos verdadeiros responsáveis pela miséria social urbana, em nosso país e no mundo.

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