quarta-feira, 23 de abril de 2008

Vôos Existenciais

Alvaro Acioli
O exercício extremado de qualquer papel social conduz a uma tensão de expectativa, nem sempre suportável. O ideal é tentarmos – na representação de qualquer papel – ser apenas o melhor possível ; pai, amigo, mãe, parceiro, etc.
Esse procedimento abre espaço para um “não ser” ou um “não acontecer” como se gostaria, acabando por afastar-nos da ilusão de que podemos manter todas as situações da vida sob controle. Uma possibilidade, aliás, sempre dificil. E tanto mais remotamente possível quanto menos dependentes elas forem de nossas ações.Certa vez perguntaram-me se era possível aos pais não se preocuparem intensamente quando um filho ou uma filha saem à noite, para uma “esticada”, nesse mundo cheio de riscos e perigos. Comentei que achava a situação bem parecida com a do passageiro de avião. No tempo em que os aviões voavam baixo eu vivi uma situação interessante. Estava indo para Porto Alegre. Quando a aeronave passou por Santa Catarina (zona aérea de muita turbulência) começou a sacudir intensamente.
O passageiro a meu lado fazia mil caras e bocas, apertava as mãos, gemia. E eu quieto no meu canto. Irritado com minha tranqüilidade ele perguntou asperamente se eu não estava com medo ou se aquela era a maneira que eu usava justamente para disfarçá-lo.
Eu respondi que quando entrava no avião assumia todos os riscos de ter entrado, inclusive o de não chegar ao destino. E que aproveitava o tempo para fazer um balanço de minha vida. E que tentava, nessa análise, reduzir as minhas dificuldades existenciais dominantes na ocasião.
Até porque o meu papel na circunstância era o de passageiro e não o de tripulante. E na condição de passageiro eu nada podia fazer para afastar perigos que pudessem rondar as aeronaves que me transportavam. Certamente essa atitude não mudava em nada o risco concreto dos vôos, mas melhorava extraordinariamente a minha vivência durante os mesmos.
Meu interlocutor ficou subitamente calmo e nossa conversa “amena” só foi interrompida pelo aviso de que o avião se preparava para pousar no aeroporto Salgado Filho.
Os pais e mães, ou os que representam esses difíceis papeis no contemporâneo, vivem a contingência dos passageiros de avião. Durante o tempo da “viagem” em que estão envolvidos o melhor é se ocuparem com reflexões concretas do dia-a-dia. E não ficarem tentando saber o que está acontecendo com a “aeronave” (que barulho é esse no motor da direita, será que a cabine está despressurizando, etc) porque isso só agrava os temores colhidos na fabulosa capacidade inconsciente de produzir terrores. Afinal, na existência contemporânea, estamos sempre com medo de alguma coisa ou nos culpando por alguma razão. Em meu momento existencial presente – o de padecente de uma inoportuna gripe – é preferível eu idealizar o que vou fazer quando esse mal estar for controlado. E não insistir em indagar o por que de a medicação prescrita com competência, por meu clinico particular, não ter dado ainda resultados concretos. Agir assim só me leva a agravar o prognóstico da gripe ou a estabelecer diagnósticos desfavoráveis e até ameaçadores do tipo eu estou é iniciando um quadro de dengue hemorrágica.
Vamos tentar viver durante nossos "vôos existenciais" com menos sobressaltos, imaginando que http://aaciolitravessia.blogspot.com/2008/04/cu-de-brigadeiro.htmlestamos sempre surfando num céu de brigadeiro..
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