segunda-feira, 13 de abril de 2009
Doença social urbana
Alvaro Acioli
A segurança social é hoje a maior preocupação do habitante de nossas cidades. O medo tornou-se o sintoma mais importante da doença social urbana. E esse medo incontrolável não predomina apenas na faixa subdesenvolvida do planeta. O privilégio, nesse particular, não é apenas nosso. Washington, capital do país mais rico do mundo, foi recentemente considerada a cidade mais violenta dos Estados Unidos é uma das mais perigosas do planeta.Multiplicam-se os espaços onde a ordem legal foi literalmente substituída e nos quais os representantes da lei são recebidos à bala. A proteção contra a insegurança deve ser mais do que um programa de governo; é uma providência inadiável para evitar que se instale definitivamente o caos urbano.O grande sonho do habitante das cidades é readquirir o "direito de ir e vir", assegurado pela Constituição, mas que não é garantido pelas instituições encarregadas de zelar pela segurança pública. As grades cobrem as casas e as portarias dos edifícios. E por trás delas indivíduos amedrontados vivem como reféns dos que confrontam livremente os mandamentos legais. Devolver a esses cidadãos o direito de andar tranqüila e despreocupadamente pelas ruas da cidade tornou-se o maior desafio para os atuais governantes. Vale recordar o resultado de pesquisa que um Instituto especializado realizou na cidade do Rio de Janeiro, entrevistando homens e mulheres, com níveis de escolaridade que iam do primário ao universitário. Foram ouvidos moradores da zona sul, central, oeste, da Leopoldina e de bairros como centro, Tijuca e Jacarepaguá.Os dados apurados revelam que 82% dos que foram pesquisados defendiam o uso das tropas do exército, contra a violência que tomou conta das ruas. E para comprovar a certeza de que os cariocas julgam que o uso da força é a melhor arma contra a violência, 33% deles recomendaram a implantação da pena de morte no país. O resultado só não foi completamente desalentador porque 69% dos entrevistados vincularam a violência ao grau de exclusão social dos transgressores.A realidade nacional e urbana reflete um grande dilema do momento internacional de nossos dias: militarizar a sociedade ou educá-la para o desarmamento?As nações, tanto quanto os cidadãos, continuam se armando para enfrentar as ameaças internacionais e os perigos sociais. Mas esse procedimento tem ampliado a insegurança, nos dois níveis. O caminho redentor parece justamente o oposto. O desarmamento é fundamental porque o uso da força estimula ainda mais a violência. Ao invés de proteger a arma aumenta o risco de vida do seu portador. E a educação para o desarmamento, das nações e dos homens, deve começar pela reeducação dos que usam a ciência e o saber para tornar insuportável a vida da grande maioria. Mas para que isso possa ocorrer é indispensável aumentar a consciência pessoal, social e internacional, de que somos todos responsáveis pelo ambiente em que vivemos. Essa é a única atitude capaz de reorientar as decisões ideológicas e políticas, assegurando direitos iguais para todos os homens, uma conquista que certamente reduzirá a violência ao nível menor das patologias individuais.
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